O Guzerá teve seu início histórico no Rio de Janeiro, servindo como animal de tração nos cafezais, produzindo leite e seus mestiços eram excelentes no rendimento de carne. Praticamente todos os rebanhos fluminenses ordenhavam vacas Guzerá, até a década de 1920.
O primeiro controle leiteiro oficial aconteceu na Fazenda Itaoca, no início do século XX, ou seja, há um século atrás!
Em 1910 foi feita a primeira mensuração do teor de gordura do leite (Almanak Agricola Brazileiro, 1910). Em 1911, foram submetidas 33 vacas a 2 ordenhas, destacando-se Faceirinha-JA com 10,5 litros; Bailarina-JA com 12,0 litros; Alteza-JA com 10,5 litros (Correio de Cantagallo, s/d). João de Abreu Júnior acreditava que o Zebu podia ser muito leiteiro, isto é, produzir entre 18 a 20 litros diários, se mantido nas mesmas condições que as raças Holandesa, Jersey, Guernsey, etc. (Almanak Agricola Brazileiro, 1919, p. 72).
Praticamente todas as linhagens leiteiras brasileiras são de origem de Cantagalo (RJ), onde o gado continua no mesmo local, mantido em ordenhas diárias. O último touro introduzido de fora na linhagem foi “Togo” em 1928. Talvez o Guzerá-JA seja a linhagem leiteira mais tradicional do mundo. Na década de 1960 aconteceu uma divisão: uma parte do gado JA introduziu o touro “Ford” (recém importado da Índia), mas essa parte foi vendida para terceiros, em 1976. Assim, o núcleo antigo continua fechado.
A importação da década de 1960 conseguiu agregar um “refrescamento” ao rebanho nacional por meio de alguns indivíduos, formando novas estirpes leiteiras.
Assim, o Guzerá leiteiro vive uma situação tranquila, tendo linhagens definidas de três fontes:
a) - o rebanho JA;
b) - algumas linhagens que vão se firmando, com influência de gado importado na década de 1960.
c) - o gado leiteiro da Índia. O Guzerá, na Índia, mantém uma bacia leiteira de 1,5 milhão de litros/dia na capital de Gujarat. Supõe-se que existam muitos animais de alto interesse para o Brasil.
A saga do Guzerá leiteiro, portanto, tem um risonho futuro à frente.
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